quinta-feira, 16 de abril de 2015

Questione: Sobre a carta aberta que escrevi

Quando escrevi a carta à jornalista de O Globo e postei imaginei que fosse ter no máximo quatro ou cinco curtidas, normalmente é a quantidade, em média, de amigos que costumavam curtir e compartilhar minhas postagens com este mesmo teor. Pelo contrário, achei que iria causar muito mais mal estar do que manifestações de apoio.

No entanto, na mesma quinta feira (19 de fevereiro) e também na sexta, quando a carta foi publicada em minha linha do tempo, já havia um número surpreendentemente considerável de curtidas, comentários e compartilhamentos, muito mais que pudesse imaginar. Mas, a propagação maior aconteceu durante o fim de semana, quando foi publicada por alguns blogs e jornais eletrônicos, muitos deles fazem parte das minhas principais fontes de informação; também foi encaminhada por muitas pessoas para sua lista de amigos e círculo de contatos de modo que não consigo dimensionar a repercussão que teve, provavelmente, muito maior do que possa imaginar. Isto aconteceu sem que eu fizesse qualquer tipo de divulgação, sem que enviasse para qualquer pessoa a não ser à própria jornalista e a seção de cartas do jornal, além da minha linha do tempo. Assim, ficou difícil rastrear como a propagação aconteceu.

Minha motivação ao escrever a carta não foi propriamente o uso da minha imagem na matéria do jornal, me utilizei dela como pretexto para externar o meu pensamento a respeito da atuação do jornal numa campanha de descrédito, que não vem de hoje, em tempos de Lava Jato, mas que existe desde a criação da Petrobras, a qual o jornal foi contra, continua fazendo tudo para destruí-la e entregar a interesses privatistas internacionais. Outra motivação foi o fato de muita gente se informar apenas através de manchetes, a matéria que critiquei possuía três títulos e um subtítulo, todos com intenção de propagar terror e para os que se deram ao trabalho de ler só encontrou argumentos esdrúxulos para justificar o medo que se desejava infundir.

Ressalto que a repercussão foi totalmente espontânea, não fiz nenhuma espécie de divulgação e pelo pouco que pude assimilar do ocorrido, entendi que estamos muito órfãos de representação, alguém que lance sua voz em defesa do povo, da sociedade e do país; estamos bastante descrentes em relação aos políticos, às instituições e não encontramos ninguém que nos represente minimamente. Nas últimas eleições vivemos um clima de rivalidade muito grande, mas nenhuma das opções de candidatos está nos representando plenamente pós eleições, eu diria que há uma enorme carência de vozes que defendam os verdadeiros anseios da população. Não que me sinta nesta condição, mas quando minha carta emergiu na internet de forma natural, de uma pessoa que poderia ser qualquer um brasileiro, acabou ganhando toda esta repercussão.

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que divulgaram a carta e se manifestaram a respeito tanto no meu perfil do Facebook como também nos blogs onde foi publicada, na medida do possível, li boa parte do que foi escrito. Agradeço até mesmo aos que criticaram e não concordaram com nada do que escrevi, as críticas são boas quando contribuem para a reflexão, principalmente quando não vem em forma de agressões e xingamento. Sei que tem muita gente que pensa diferente, incluindo colegas de trabalho, o debate de ideias é sempre muito construtivo, contribui para a formação e enriquecimento do nosso pensamento. Mas agradeço, especialmente aos que se sentiram representados e se manifestaram dando apoio, aos colegas de trabalho que me enviaram e-mails e telefonaram para agradecer.

Gostaria de deixar bem claro que ninguém está pensando que vivemos num mundo maravilhoso do faz de conta, que está tudo bem e não temos problema algum, pelo contrário, penso que estamos bem conscientes dos problemas que estamos vivendo, das dificuldades que temos pela frente e a vontade é de trabalhar para passarmos por tudo isto do melhor modo possível, não só dentro da Petrobras, mas também para termos um Brasil melhor para todos no futuro e de preferência que esteja próximo.

E mais uma vez, muito obrigada pela solidariedade e comentários que recebi, penso em ir aos poucos reunindo e escrevendo sobre o retorno que tive das pessoas, até mesmo respondendo sobre alguns comentários.

Reverência:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=869901193070036&set=a.403421213051372.91283.100001504892431&type=3&src=https%3A%2F%2Fscontent-gru.xx.fbcdn.net%2Fhphotos-xfp1%2Fv%2Fl%2Ft1.0-9%2F11017690_869901193070036_8157956497401350492_n.jpg%3Foh%3D84b31d85f23a68a2ff5a9946c35f7589%26oe%3D5585FDB8&size=640%2C480


Para ler mais:
http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/02/canalhas-querem-destruir-petrobras/

http://www.fndc.org.br/clipping/a-midia-e-seus-interesses-940525/

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/03/a-imprensa-e-o-papel-das-midias-no-brasil.html

Documentários para entender:
https://www.youtube.com/watch?v=049U7TjOjSA

https://www.youtube.com/watch?v=MTui69j4XvQ

https://www.youtube.com/watch?v=ZXjikUPNuMw

sábado, 7 de março de 2015

Questione: Carta aberta à Leticia Fernandes e ao jornal O Globo

Antes de tudo, gostaria de deixar bem claro que não estou falando em nome da Petrobras, nem em nome dos organizadores do movimento “Sou Petrobras”, nem em nome de ninguém que aparece nas fotos da matéria. Falo, exclusivamente, em meu nome e escrevo esta carta porque apareço em uma das fotos que ilustram a reportagem publicada no jornal O Globo do dia 15 de fevereiro, intitulada “Nova Rotina de Medo e Tensão”.

Fico imaginando como a dita jornalista sabe tão detalhadamente a respeito do nosso cotidiano de trabalho para escrever com tanta propriedade, como se tudo fosse a mais pura verdade, e afirmar com tamanha certeza de que vivemos uma rotina de medo, assombrados por boatos de demissões, que passamos o dia em silêncio na ponta das cadeiras atualizando os e-mails apreensivos a cada clique, que trabalhamos tensos com medo de receber e-mails com represálias, assim criando uma ideia, para quem lê, a respeito de como é o clima no dia a dia de trabalho dentro da Petrobrás como se a mesma o estivesse vivendo.

Acho que tanta criatividade só pode ser baseada na própria realidade de trabalho da Letícia, que em sua rotina passa por todas estas experiências de terror e a utiliza para descrever a nossa como se vivêssemos a mesma experiência. Ameaças de demissão assombram o jornal em que ela trabalha, já tendo vários colegas sendo demitidos[1], a rotina de e-mails com represálias e determinando que tipo de informação deve ser publicada ou escondida devem ser rotina em seu trabalho[2], sempre na intenção de desinformar a população e transmitir só o que interessa, mantendo a população refém de informações mentirosas e distorcidas.

Fico impressionada com o conteúdo da matéria e não posso deixar de pensar como a Letícia não tem vergonha de a ter escrito e assinado. Com tantas coisas sérias acontecendo em nosso país ela está preocupada com o andar onde fica localizada a máquina que faz o café que nós tomamos e com a marca do papel higiênico que usamos. Mas dá para entender o porque disto, fica claro para quem lê o seu texto com um mínimo de senso crítico: o conteúdo é o que menos importa, o negócio do jornal é falar mal, é dar uma conotação negativa, denegrir a empresa na sua jornada diária de linchamento público da Petrobras. Não é de hoje que as Organizações Globo tem objetivo muito bem definido[3] em relação à Petrobras: entregar um patrimônio que pertence à população brasileira à interesses privados internacionais. É a este propósito que a Leticia Fernandes serve quando escreve sua matéria.

Leticia, não te vejo, nem você nem O Globo, se escandalizado com outros casos tão ou mais graves quanto o da Petrobras. O único escândalo que me lembro ter ganho as mesma proporção histérica nas páginas deste jornal foi o da AP 470, por que? Por que não revelam as provas escondidas no Inquérito 2474[4] e não foi falado nisto? Por que não leio nas páginas do jornal, onde você trabalha, sobre o escândalo do HSBC[5]? Quem são os protegidos? Por que o silêncio sobre a dívida da sonegação[6] da Globo que é tanto dinheiro, ou mais, do que os partidos “receberam” da corrupção na Petrobras? Por que não é divulgado que as investigações em torno do helicoca[7] foram paralisadas, abafadas e arquivadas, afinal o transporte de quase 500 quilos de cocaína deveria ser um escândalo, não? E o dinheiro usado para construção de certos aeroportos em fazendas privadas em Minas Gerais [8]? Afinal este dinheiro também veio dos cofres públicos e desviados do povo. Já está tudo esclarecido sobre isto? Por que não se fala mais nada? E o caso Alstom[9], por que as delações não valem? Por que não há um estardalhaço em torno deste assunto uma vez que foi surrupiado dos cofres públicos vultosas quantias em dinheiro? Por que você e seu jornal não se escandalizam com a prescrição e impunidade dos envolvidos no caso do Banestado[10] e a participação do famoso doleiro neste caso? Onde estão as manchetes sobre o desgoverno no Estado do Paraná[11]? Deixo estas perguntas como sugestão e matérias para você escrever já que anda tão sem assunto que precisou dar destaque sobre o cafezinho e o papel higiênico dos funcionários da Petrobras.

A você, Leticia, te escrevo para dizer que tenho muito orgulho de trabalhar na Petrobras, que farei o que estiver ao meu alcance para que uma empresa suja e golpista como a que você trabalha não atinja seu objetivo. Já você não deve ter tanto orgulho de trabalhar onde trabalha, que além de cercear o trabalho de seus jornalistas determinando “as verdades” que devem publicar, apoiou a Ditadura no Brasil[12], cresceu e chegou onde está graças a este apoio. Ao contrário da Petrobras, a empresa que você se esforça para denegrir a imagem, que chegou ao seu gigantismo graças a muito trabalho, pesquisa, desenvolvimento de tecnologia própria e trazendo desenvolvimento para todo o Brasil.

Quanto às demissões que estão ocorrendo, é muito triste que tantas pessoas percam seu trabalho, mas são funcionários de empresas prestadoras de serviço e não da Petrobras. Você não pode culpar a Petrobras por todas as mazelas do país, e nem esperar que ela sustente o Brasil, ou você não sabe que não existe estabilidade no trabalho no mundo dos negócios? Não sabe que todo negócio tem seu risco? Você culpa a Petrobras por tanta gente ter aberto negócios próximos onde haveria empreendimentos da empresa, mas a culpa disto é do mal planejamento de quem investiu. Todo planejamento para se abrir um negócio deveria conter os riscos envolvidos bem detalhados, sendo que o maior deles era não ficar pronta a unidade da Petrobras, que só pode ser culpada de ter planejado mal o seu próprio negócio, não o de terceiros. Imputar à Petrobras o fracasso de terceiros é de uma enorme desonestidade intelectual.

Quando fui posar para a foto, que aparece na reportagem, minha intenção não era apenas defender os empregados da injustiça e hostilidades que vem sofrendo sendo questionados sobre sua honestidade, porque quem faz isto só me dá pena pela demonstração de ignorância. Minha intenção era mostrar que a Petrobras é um patrimônio brasileiro, maior que tudo isto que está acontecendo, que não pode ser destruída por bandidos confessos que posam neste jornal como heróis, por juízes que agem por vaidade e estrelismos apoiados pelo estardalhaço e holofotes que vocês dão a eles, pelo mercado que só quer lucrar com especulação e nunca constrói nada de concreto e por um jornal repulsivo como O Globo que não tem compromisso com a verdade nem com o Brasil.

Por fim, digo que cada vez fica ainda mais evidente a necessidade de uma democratização da mídia, que proporcionará acesso a uma diversidade de informação maior à população que atualmente é refém de uma mídia que não tem respeito com o seu leitor e manipula a notícia em prol de seus interesses, no qual tudo que publica praticamente não é contestado por não haver outros veículos que o possa contradizer devido à concentração que hoje existe. Para não perder um poder deste tamanho vocês urram contra a reforma, que se faz cada vez mais urgente, dizendo ser censura ou contra a liberdade de imprensa, mas não é nada além de aplicar o que já está escrito na Constituição Federal[12], sendo a concentração de poder que algumas famílias, como a Marinho detém, totalmente inconstitucional.

Sendo assim, deixo registrado a minha repugnância em relação à matéria por você escrita, utilizando para ilustrá-la uma foto na qual eu estou presente com uma intenção radicalmente oposta a que ela foi utilizada por você.

Fontes:
[1] Demissões nas Organizações Globo:

[2] Exemplos de o que deve e não deve ser publicado

[3] Objetivos

[4] Inquérito 2474

[5] Escândalo do HSBC

[6] Sonegação Globo

[7] Helicoca

[8] Aeroportos Mineiros

[9] Alstom

[10] Banestado

[11] Beto Richa e o Paraná

[12] Globo e a Ditadura

[12] CF/88
Diz o artigo 220 da Carta, no inciso II do parágrafo 3°:
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Já o parágrafo 5° diz:
Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
E o artigo 221. por sua vez, prescreve:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.