Esta é minha primeira postagem sobre cinema, estava esperando um filme relevante para comentar e nada melhor que o já tão comentado Tropa de Elite 2. O primeiro foi um fenômeno, tanto pelo número de telespectadores no cinema e quanto pelos que já o haviam visto na versão pirata, antes de sua estréia. Impressionante! O filme foi um sucesso muito antes de chegar às salas de cinema. Tudo que envolvia o primeiro serviu para elevar a expectativa pelo segundo.
Analisando de uma maneira simplória o filme se trataria de histórias sobre polícia e ladrão e curiosamente, devido ao crime de pirataria, teve que ser armado um forte esquema de segurança para preservar o filme dos bandidos que cometem este crime que se banalizou e está nas ruas presente ao lado dos “cidadãos de bem” que consomem os produtos piratas, comprados em plena luz do dia nas principais ruas de nossas cidades, à vista de quem quiser ver. Contraditório? Não. É que o mundo não é maniqueísta, então chegamos ao ponto que quero discutir aqui.
Os extremos maniqueístas não existem. É, sobretudo, disso que se trata o filme. Assim, não existem bons e maus, polícia e ladrão, direita e esquerda, certo e errado. Neste ponto que o filme se faz moderno e atual, se repararmos no cinema, felizmente, de uns tempos para cá tem nos apresentado um maior volume de filmes muito além desses dualismos, que durante muito tempo prevaleceu na telona (como os próprios filmes policiais americanos de policia que prende ladrão, os super heróis que devem vencer os vilões, incluo neste hall também os muitos sobre a guerra fria – capitalistas x socialistas). Até as versões recentes dos heróis saídos dos quadrinhos tem seus conflitos pessoais, não são perfeitos e possuem suas franquezas que devem ser vencidas junto com seus inimigos. Ou seja, o cinema se tornou mais denso e profundo, preocupado com a reflexão sobre o ser humano e sociedade em que está inserido.
Assim é o nosso Capitão Nascimento (Wagner Moura), um “herói” cheio de conflitos, que no início, e no primeiro filme, acredita no potencial da polícia (o BOPE, não de toda polícia) como solucionadora dos crimes de trafico de drogas no Rio de Janeiro, não importando os meios, por isso o símbolo da caveira com a faca enfiada claramente sugerindo: morte aos bandidos. Neste ponto começam seus conflitos, sendo tido como herói, enfrenta como contraposição à idéia de matar como método, pois, num mundo idealista, toda vida merece ser preservada e salva. Seus problemas só aumentam quando ele deixa de ser apenas policial para também exercer o papel de pai, neste ponto o herói já se desmontou se mostrando incompatível e inaceitável que gere uma vida e seja seu educador sendo quem é, um policial que tira vidas. Deste modo, é cobrado a explicar a seu filho quem ele é e o que faz.
Neste contexto, Capitão Nascimento sobe de cargo e tem mais responsabilidades, avança em seus propósitos, criando um BOPE mais forte e equipado, deixando à margem seu papel dentro da família, seu papel de pai, sua mulher agora tem outro marido e seu filho outro modelo como referência. A luta de Nascimento agora são duas, contra a criminalidade (independentemente de onde ela venha) e a reconquista de seu papel de pai em todos os sentidos.
Os bandidos traficantes, “os malvados”, são pessoas proveniente da classe baixa, pessoas que não tiveram outra oportunidade na vida, que cresceram e se educaram numa sociedade paralela existente nas favelas, onde o Estado não chega, a não ser através da violência policial, levando a questionar se são criminosos ou vítimas. Por outro lado temos a polícia e os políticos, “os bons” que devem suprir e salvar nossa sociedade, mas eles são corruptos, têm sede de poder e dinheiro; se não são a solução, mas parte do problema, o que será de nossa sociedade? Quem é mais culpado? Como combater um mecanismo que se entranhou de tal forma no sistema? No meio disso tudo está o nosso herói, o Capitão Nascimento, mas não é só isso, sobre ele também pesam seus conflitos morais.
O outro herói do filme, que tem um papel da antítese de Nascimento, é interpretado por Irandhir Santos, o Fraga, um representante dos direitos humanos, um dos responsáveis por humanizar os “bandidos” e, assim, transformá-los também em vítimas desse sistema que perpassa nossa sociedade. Sendo assim, como opositor a Nascimento, passa a ser o modelo moral a seu filho. Mais tarde se elege Deputado Federal e passa denunciar seus pares. Como fica bem claro, desde o filme anterior, não existem bons nem maus, mocinhos e nem bandidos, cada um tem o seu drama, Nascimento e Fraga descobrem que têm inimigos comuns.
Tropa de Elite 2, então, é um filme sobre nós mesmos, nossa sociedade, traz a tona uma reflexão sobre como estamos vivendo, sobre quem somos, em quem nós votamos, quem nos protege e sobre nossa moral. Ao entrarmos no cinema vale a pena pensarmos qual o nosso papel dentro do roteiro apresentado.
Outro filme em cartaz que vale a pena conferir é Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme. Também é um filme que escapa a clichês antigos, ele revela um pouco de como funciona a roda financeira, porém, mais do que isso, é um filme sobre pessoas e também sua moral, sobre o que é importante e no fim percebemos que a especulação financeira nada mais é que um reflexo de nossas ambições, de nossa necessidade de poder. É um filme detalhista, no qual, mínimos detalhes nas cenas revelam muito do ser humano e sobre o sentimento das personagens. Mais que um filme sobre o dinheiro é um filme sobre nós mesmo
Site Oficial:
http://www.tropa2.com.br/
http://www.tropadeeliteofilme.com.br/
Para Saber mais:
http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7601&id_filme=7408&aba=critica
http://cinema.uol.com.br/ultnot/2010/09/15/jose-padilha-usou-policiais-paulistas-para-evitar-pirataria-de-tropa-de-elite-2.jhtm
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/policia+e+politicos+sao+os+alvos+em+tropa+de+elite+2/n1237792467772.html
http://www.cinepop.com.br/criticas/tropadeelite2_101.htm
http://www.cartacapital.com.br/cultura/um-heroi-classe-media-2
http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx?edicao=2186&pg=126
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/05/oliver-stone-leva-colapso-de-wall-street-cannes.html
http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/174357/wall-street-2-o-dinheiro-nunca-dorme-2/
http://cinema.cineclick.uol.com.br/criticas/ficha/filme/wall-street-o-dinheiro-nunca-dorme/id/2473
http://www.wallstreetfilme.com.br/