Esta semana fui assistir ao novo filme do Jabor, A Suprema Felicidade. O filme marca o retorno de Arnaldo Jabor às telas do cinema. Apesar de ter uma posição política divergente da do cineasta, devo reconhecer que ele as vezes acerta. Como comentarista político deixa muito a desejar, porém Jabor é extremamente poético quando se trata da apreciação das coisas da vida, sua sensibilidade aflora.
O filme tem suas limitações e defeitos, porém merece ser conferido. Talvez não agrade a muita gente, pois sua virtude não está na pretensão de ser grande, muito pelo contrário, é um filme minimalista que deve será apreciado em suas sutilezas, na simplicidade dos pequenos detalhes, nas relações afetivas existentes entre os personagens, na poesia e simbolismo contidos em cada cena.
Principalmente é um filme sobre os homens, a história perpassa todas as suas idades através de três personagens: o garoto, o pai e o avô, cada um cobrindo certa faixa da idade ao longo de toda uma vida. O fato de todas as idades serem vivenciadas por três personagens diferentes permite abordar as relações afetivas entre eles, o que não seria possível se fosse apenas um personagem.
Deste modo o filme retrata todo o universo masculino desde os oito anos de idade até a velhice, passando pela amizade na infância, a descoberta da sexualidade, o casamento, as relações entre marido e mulher, a família, o trabalho, as frustrações, o amadurecimento, o desgaste das relações, a velhice, a nostalgia e o fim de uma vida.
Assim, o filme sobre a felicidade é melancólico, como é a vida, o passar dos anos e a constatação de nada foi como aquilo que sonhamos e, somado a isso, a nostalgia do distanciamento dos anos que ficaram para trás, principalmente quando o fim da vida está próximo.
O filme também mostra um Rio antigo, um Rio de uma outra época que apesar de ter ficado para trás ainda está presente nos dias de hoje. O Rio de Janeiro da atualidade tem muito do Rio antigo, sua cultura e paisagem está misturada com a do Rio de tempos atrás na arquitetura, no samba, nas belezas naturais, em suas mulheres, no despojamento, no estilo de vida e felicidade de seu povo.
Sobre Arnaldo Jabor
Filmografia:
1965 - O Circo (curta-metragem)
1967 - A Opinião Pública
1970 - Pindorama
1973 - Toda Nudez Será Castigada
1975 - O Casamento
1978 - Tudo Bem
1980 - Eu Te Amo
1984 - Eu Sei que Vou Te Amar
1990 - Carnaval (curta-metragem)
2010 - Suprema Felicidade
Livros publicados:
1993 - Os canibais estão na sala de jantar (Editora Siciliano)
1997 - Sanduíches de Realidade (Editora Objetiva)
2001 - A invasão das Salsichas Gigantes (Editora Objetiva)
2004 - Amor É Prosa, Sexo É Poesia (Editora Objetiva)
2006 - Pornopolítica, (Editora Objetiva)
2007 - Eu Sei Que Vou Te Amar, (Editora Objetiva)
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