A Terra conta com um frágil
equilíbrio em que cada ser tem seu papel a desempenhar, cada um só existe
graças à existência do outro, uma harmonia sutil, frágil e facilmente quebrada.
Aqui também estamos nós, o homo sapiens, parte de um todo, mas o único que
conquistou o território como nenhuma outra espécie e tem mudado a face do
planeta, moldando-o a seus propósitos civilizatórios.
Durante toda existência humana
temos procurado formas de sobreviver de modo que possamos suprir nossas necessidades
com o maior conforto possível. Entretanto, sempre tivemos que trabalhar duro
usando a energia dos nossos músculos para caçar, arar, colher e construir. Somente
a partir da revolução industrial foi possível desenvolver tecnologia para obter
um conforto jamais visto, porém, os avanços alcançados não chegaram para todos
e muitos continuam vivendo privados de recursos, sem os alimentos necessários à
vida e o conforto alcançado por parte da civilização. Por outro lado, a parte
de nós que conseguiu uma vida melhor, nunca necessitou tanto de coisas, que,
por sua vez, necessitam dos recursos do planeta para serem produzidas, e nunca,
em toda nossa existência, fomos tantos em número sobre a face da Terra como
agora.
Deste modo, o surgimento do
sistema capitalista e atual modo de vida ocidental provocaram uma pressão pelos
recursos naturais do planeta nunca visto em nenhuma outra época, ou seja, apenas
no curto período do último século, nosso estilo de vida foi responsável pela
degradação ambiental que está pondo em risco nossa sobrevivência.
A problemática ambiental se
tornou tema de estudo em todo o mundo e perpassa várias esferas: a física, a
tecnológica, a biológica, a climatológica, a política, a econômica, a humana, etc.
Portanto, há muito tempo o aquecimento global deixou de ser apenas uma questão
ambiental, ganhando um contorno mais amplo tornando-se um tema, principalmente,
para a política internacional. A certeza de que as causas do fenômeno são as
emissões antropogênicas dos gases do efeito estufa (GEE) é praticamente uma
unanimidade na comunidade científica e comprovada pelos relatórios do IPCC
(Painel Intergovernamental de Mudanças Climática, sigla em inglês). Desse modo,
a questão deixa de ser um debate meramente científico e passa a fazer parte da
pauta das discussões no âmbito das relações internacionais, composta por atores
estatais e privados, sendo eles os Estados, os organismos internacionais, as
ONGs, as empresas, a sociedade e quem estiver envolvido de algum modo com o
tema.
Nem sempre foi assim, a
consciência ambiental que temos hoje – que se tornou corriqueira em atitudes
como quando transportamos nossas compras sem utilizar sacolas plásticas ou
quando jogamos nosso lixo em lixeiras coloridas – é bem recente na história da
humanidade. Somente em 1972 foi realizada a Conferência da ONU sobre o Meio
Ambiente Humano em Estocolmo, a primeira a associar de forma consistente
questões ambientais ao Desenvolvimento Sustentável na pauta internacional.
Desde então, o mundo começou a criar convenções, protocolos, declarações e
legislações nacionais para reverter este quadro que se apresentava cada vez
mais trágico devido às condições ambientais e os desequilíbrios socioeconômicos
entre países.
Como principais instrumentos do
regime de monitoramento e enfrentamento do processo de mudanças climáticas
citam-se a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, assinada
no Rio de Janeiro em junho de 1992, e o Protocolo de Kyoto, assinado na cidade
japonesa com este nome, em dezembro de 1997. O Protocolo de Kyoto dividiu os
países em dois grupos: os pertencentes (membros da OECD e países do ex-bloco
comunista do Leste Europeu) e os não pertencentes ao Anexo Um. De acordo com o
Protocolo, os países do Anexo Um têm compromissos obrigatórios de redução de
emissão de gases do efeito estufa em relação aos níveis de 1990, enquanto que
os países não pertencentes ao Anexo Um não tem metas iniciais, podendo vir a
ter no futuro.
Assim, a Rio-92 foi um grande
debate com ampla participação que selou os acordos políticos entre os países e
gerou documentos com princípios e agendas para o desenvolvimento sustentável.
Participaram do evento 172 países, 108 chefes de Estado, 2400 representantes da
sociedade civil e 17 mil ativistas no Fórum Global, evento paralelo promovido
por ONGs.
A Rio + 20 surgiu em 2007 de uma
proposta do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o próprio nome
sugere, será uma Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável vinte anos após aquela de 1992, novamente será realizada na cidade
do Rio de Janeiro, e visa a renovar o engajamento dos líderes mundiais com o
desenvolvimento sustentável do planeta. O site Radar Rio + 20 apresenta os
principais temas que serão abordados na Conferência e tem um histórico completo
sobre os esforços de diferentes atores sociais de todo o mundo realizados nos
últimos 50 anos na tentativa de promover um desenvolvimento mundial mais
sustentável.
Entretanto, este grande evento que reunirá o mundo
todo, representado de diversos modos, nos mostrará que para atingirmos um
desenvolvimento mais sustentável não depende apenas de ações e decisões dos
nossos representantes legais e governantes, ele também é uma oportunidade de
fazermos uma reavaliação de nosso próprio comportamento e uma avaliação da
sociedade que queremos, estimulando que repensemos nossa forma de agir, o que
estamos consumindo, nossas reais necessidades, nossos hábitos, nossa posição na
sociedade e a imagem que queremos ter. Esta é uma oportunidade única que temos
para, não só nos pensarmos como indivíduos, mas para uma profunda reflexão
sobre a civilização que estamos construindo e sobre o tipo de sociedade que
queremos para nosso futuro.
Para saber mais:
PORTILHO, Fátima; Sustentabilidade
Ambiental, Consumo e Cidadania, Cortez Editora, São Paulo, 2005.
PAIXÃO, Manuela Rocha; Como os
padrões de desenvolvimento sociais e de consumo atuais interferem nas relações
do homem com o Meio Ambiente, UNIBAHIA, 2009.
http://www.webartigos.com/articles/24589/1/Consumo-x-Meio-Ambiente/pagina1.html
Filmes sobre o tema:
An Inconveniente Truth (Uma
Verdade Inconveniente) – Al Gore, documentário com direção de Davis Guggenheim,
Lawrence Bender Productions / Participant Productions, Paramount Classics /
UIP, 2006.
Home (Nosso Planeta, Nossa Casa)
- Yann Arthus-Bertrand, documentário, 2009.
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