Hoje é o último dia do ano, o último dia da década e o último dia de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidência da República Federativa do Brasil após oito anos de governo, terminando, segundo o CNT/Sensus, seu mandato com popularidade recorde mundial: 87% de aprovação à frente da ex-presidente chilena Michelle Bachelet, que tinha 84% e, acima de líderes mundiais históricos, como o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela (82% de aprovação), o ex-presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt (66%), e o general francês Charles De Gaulle (55%). Seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, deixou o governo com 26% de aprovação.
“Eu não sou o resultado de uma eleição. Eu sou o resultado de uma história. Eu estou concretizando o sonho de gerações e gerações que, antes de mim, tentaram e não conseguiram.” – Lula em seu discurso de posse do primeiro mandato.
Quando Lula se elegeu presidente, achei que algumas coisas seriam diferentes, mas eu era um pouco ingênua ou tinha pouco conhecimento da dinâmica das coisas, por outro lado, “nunca antes na história deste país”, a oposição, dita de esquerda, havia sido eleita para o posto máximo de nação, um retirante nordestino, operário, havia sido presidente. Talvez por isso não desse para saber, mas dava para imaginar que suas idéias, seu modo de pensar não seriam iguais ao de seus antecessores, por isso acreditei que certas coisas mudariam.
Acreditei que o país começasse a pensar um pouco diferente do pensamento que reinou por aqui em 500 anos de história, mas não foi bem assim. O presidente podia ter idéias diferentes, mas a elite era a mesma, a nossa imprensa continuava a mesma e os manda-chuvas do mundo ainda eram os de sempre. Lula não cerceou nenhum deles, agüentou todo tipo de ataque. Disseram que ele queria censurar a imprensa, mas não o fez, nunca a mídia falou tanto mal de um governante. E ele deixou falar. Quer um exemplo? A primeira Veja de 2003 foi sobre a posse, sua manchete: “Lula-de-Mel”, realmente foi uma festa como nunca antes vista, o povo estava eufórico. Na semana seguinte Veja estampa na capa: “Trapalhões na Decolagem”. Não havia passado nem uma semana e os ataques já haviam começado, as reportagens desta edição foram: “Os factóides do governo Lula” e “A ex-guerrilheira Dilma Rousseff”. Estas matérias são da revista que chegou as bancas em janeiro de 2003!
Não adiantou, a força do Presidente (hoje é o último dia que posso chamá-lo assim) era muito maior que isso. Além de sua alta popularidade, tem prestígio internacional que nem Barack Obama, aquele mesmo do “Yes, we can!”, que mobilizou o mundo, conseguiu. A festa da posse do americano foi um plagio da festa de Lula ocorrida seis anos antes. Se Obama venceu um tabu por ser negro, Lula já o havia feito devido sua origem. A grande diferença é que desde as respectivas festas, que para Lula passaram-se 8 anos, ele está com mais prestígio do que nunca e para o outro passaram-se apenas 2 anos, mas não tem nem vestígio da popularidade de sua eleição, sofreu uma derrota eleitoral em 2010 enquanto Lula deixa 2010 fazendo mais uma vez a história, elegendo a primeira mulher Presidenta do Brasil.
Assim, encerro este ano com esta mensagem, apesar de todo revés que sofreu ele foi um vencedor, tentaram desmoralizá-lo de todo modo, mas seu prestígio continua intocável. Para nossas vidas pessoais podemos aprender com ele que disse que quando se lembrava de sua história e o via ocupando o cargo mais alto de uma nação só conseguia pensar que podemos muito mais. Fica, então, esta mensagem. Espero que Lula continue conosco e usando seu prestígio em prol de nossa nação.
“Creio num futuro grandioso para o Brasil, porque a nossa alegria é maior do que a nossa dor, a nossa força é maior do que a nossa miséria, a nossa esperança é maior do que o nosso medo.” – Lula em seu discurso de posse do primeiro mandato.
Feliz Ano Novo
Foto da edição de Veja sobre a posse
Mais Sobre Lula Presidente:
Triunfo Histórico
Lula-de Mel
Trapalhões na Decolagem
Documentários:
Entreatos – de João Moreira Salles
Peões – de Eduardo Coutinho

